De Éder Ferrari, em sua coluna para o Bahia Notícias, nesta segunda-feira pós "fico" na Série A:
`OURO DE TOLO
Um dos maiores clássicos de Raul Seixas, Ouro de tolo, representa bem a realidade do Bahia atualmente. Não pode se contentar com tão pouco!
“Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...”
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...”
De maneira alguma quero criticar quem comemorou como título a permanência do Bahia na Primeira Divisão. É o que fizeram restar em âmbito nacional. A preocupação foi maior pelo acesso do Vitória. Seria demais para o já surrado coração tricolor, repetir 2010 ao contrário. Aquela história do elevador. Se o rubro-negro não tivesse subido, talvez a comoção e o alívio não fossem tão grandes. O fato é que foi mais uma temporada terrível, mesmo com o título baiano. Tudo, como diria Marcelo Guimarães Filho, com “as calças na mão”!
Volto a citar meu sogro, seu Normando. Mais uma vez, soube ir ao ponto e dizer o sentimento que sentia no momento. "Estou como se tivesse dirigido embriagado e atropelado alguém e a pessoa tivesse sobrevivido". Ou seja, foi comemorado o fato da merda não ter sido maior. É digno, mas depressivo! O que precisamos é parar e pensar 2013 apenas com a razão. Infelizmente, não dá para ser grato. Tem de ser profissional e criterioso para buscar o melhor. O último gol tricolor na temporada deu uma ideia do que pode ser feito. Lançamento de um jogador desconhecido, mas que foi bem em um time pequeno, Mogi Mirim, para o gol de disposição de um menino revelado na divisão de base. De Lucas Fonseca para Rafael. Não estou dizendo que os dois são a salvação e sim o conceito.
Volto a 2003. Então presidente, Marcelo Guimarães, pai do atual mandatário e peça ativa na administração do clube atualmente, anuncia com pompas o “Tetracampeão” Paulo Sérgio. Junto com ele chegam outros medalhões, Otacílio e Adriano. Desespero nas contratações após péssimo estadual e bolso vazio. Resultado? Humilhante rebaixamento para a Série B com um 7x0 para o Cruzeiro na última rodada, na Fonte Nova. Em 2005, muito desgastado, antes de abandonar a presidência, anunciou Viola, Dill, Uéslei, entre outros. Uns recebiam salários em dia e outros não. Guerra de egos. O final? O abismo da Terceira Divisão. O que quero dizer? Não é de hoje que a política de jogadores ultrapassados leva o Bahia a temporadas terríveis. Paulo Angioni a parte, são as mesmas pessoas. Será que não aprendem? Ah, e não se trata de preconceito com os veteranos. Você pode contratar sim, mas que tenha o histórico recente a favor. Também precisa estar motivado e com o condicionamento físico em dia. Existem vários exemplos disso. Exatamente o contrário de Mancini.
Não sou estúpido. Sei que é difícil chegar perto da mídia e orçamento de São Paulo e Corinthians, por exemplo. Times que poderiam chegar junto como Vasco, Flamengo e Palmeiras não conseguem. Para o nordestino Bahia, a distância é ainda maior. Por isso é preciso ser competente e muito criterioso. Internacional e Grêmio, apesar de acima do tricolor, também estão na parte de baixo da ladeira quando se trata de patrocínios e cotas de TV, mas com criatividade, visão e discernimento, fazem frente em campo e na disputa por jogadores. Os gaúchos usam a força da torcida e a divisão de base. Sabem o poder regional que têm e transformam em potencial nacional. O Bahia, um pouco mais aqui e menos ali, tem apelo parecido para atingir o mesmo êxito, porém precisa deixar de ser capitânia hereditária e pensar pequeno. Mesmo com a folha salarial desse ano dava para formar um time muito mais forte. Muito mesmo!´
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