Depois da saída inesperada do trienador Caio Junior muito se falou sobre um eventual racha no elenco do Bahia. Na ediçãod e hoje do Correio* o jornalista Miro Palma aborda esse assunto e levanta evidências de divisões dentro do elenco.
Segue o texto:
"A pressão é grande e, a cada rodada da Série A, a impressão é de que a panela tricolor está prestes a estourar. A surpresa da vez foi o pedido de demissão do técnico Caio Júnior às vésperas do jogo de hoje, às 19h30, contra o Santos, na Vila Belmiro. Em nota, o ex-treinador alegou problemas familiares na noite de segunda-feira e abandonou o barco após dez jogos no comando. Foram cinco derrotas, três empates e duas vitórias nesse período.
A mudança do filho para os EUA foi o motivo alegado pelo comandante, mas, nos bastidores do Fazendão, é certo que a razão da saída foi outra.
Caio Júnior chegou por aqui confiante nos medalhões do grupo, mas a desilusão com a qualidade do elenco teria feito o treinador aproveitar o momento em que o Bahia saiu da zona para deixar o clube por cima. “Assumi na última colocação e o deixo fora da zona de rebaixamento. Sei que o time tem que evoluir para afastar de vez esse perigo e estarei torcendo para que isso aconteça”, escreveu em sua nota de despedida.
A diretoria também não fez força para ele ficar. Tanto que o nome de Jorginho já estava engatilhado na noite em que Caio Júnior pediu demissão.
O que não bate com a justificativa do ex-treinador é que, apesar de ter comandado o treinamento normalmente na segunda-feira, o ex-técnico não comunicou o grupo sobre a decisão de deixar o clube, tampouco fala publicamente sobre a saída repentina.
E, ao invés de falar com o capitão Titi, optou pelo volante Fahel para transmitir a notícia ao elenco. “Ele não conversou com a gente, mas deixou um recado com Fahel. Saída de treinador é um pouco difícil para os jogadores. A gente fica chateado, pois ele vinha fazendo um bom trabalho”, conta o centroavante Souza.
Jorginho, o treinador que chega, tem ainda a missão de melhorar o ambiente de trabalho no Fazendão, com indícios de racha na equipe. A divisão seria entre atletas de liderança interna contestada, casos de Titi e Souza, e um outro grupo formado por jogadores experientes e os da base. O auxiliar Eduardo Barroca nega que haja panelinha. “Quando os resultados não acontecem, as coisas de fora pra dentro acabam se perpetuando. Não há crise”.
Cada um no seu lado
Souza também nega que o grupo esteja rachado. O artilheiro do time no Brasileirão, por sinal, soltou o verbo na última entrevista antes de encarar o Santos. Segundo ele, é comum alguns jogadores terem mais afinidade com uns que com outros. “Meu amigo particular é o Titi. Os outros são os meus colegas de trabalho. São poucos os que vão à minha casa jantar e bater um papo comigo”, comenta.
Bastante objetivo em relação ao assunto, o camisa 9 fez questão de completar. “Se tem racha eu não tenho visto. Dentro de campo a gente precisa ser amigo. Fora de campo, não. Um vai pra um lado e o outro vai para o outro. Não existe problema algum”, argumenta Souza.
E assim, com toda essa ‘união’, o Bahia encara o Santos de Neymar e Ganso hoje. Se não ganhar, corre risco de entrar na zona de rebaixamento.
Por causa dessa mudança no comando, o time é um mistério. Será montado basicamente por Barroca, mas após uma conversa com Jorginho.
Certa é a mudança no gol. Suspenso, Marcelo Lomba dá lugar a Omar. Hélder, Diones e Victor Lemos disputam a vaga de Fabinho, também suspenso. Mancini é opção no meio, mas não é certo ser titular."
Nota: Jornalistas que cobrem o clube e torcedores que assistem os jogos há algum tempo notam a queda do rendimento do capitão Titi, achando inclusive que ele deveria ir para o banco, principalmente após o triunfo contra a Ponte Preta. Contudo, ele permanece com a braçadeira de capitão.
O que é certo é que o time em campo e a diretoria fora dele estão seguindo a cartilha de outros clubes que foram rebaixados em anos recentes: ladainhas de que o time está encaixando e que o segundo turno será diferente, inépcia para contratar jogadores que resolvam partidas, preterir jogadores identificados com o clube em benefício de medalhões descomprometidos, apatia da torcida e arrogância da diretoria. A tudo isso só falta somar o atraso dos salários para que o presidente do Bahia tenha todas os ingredientes do rebaixamento à sua mesa.
Fica a lição de que ser campeão Baiano, trocar colchões e ser o figurante em competição internacional não são predicados suficientes para disputar um campeonato como o Brasileiro.
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