Jogando em Salvador pelo campeonato Brasileiro deste ano, o Bahia só conseguiu sair vencedor diante do Sport (com ajuda da arbitragem), São Paulo, Figueirense e Botafogo. Em oito ocasiões o resultado foi de empate e em cinco o tricolor saiu derrotado.
No atual campeonato, o aproveitamento do clube em Salvador é pior do que em 2003, ano de seu rebaixamento à Série B. Se no time de Valdomiro, Preto e Emerson teve uma média de 1,7 ponto (56,5% de aproveitamento), em 2012 Titi, Fahel e Lomba conseguem render apenas 1,18 ponto em média, com aproveitamento de 39,22% jogando num estádio menor, onde a pressão da torcida seria um fator de ajuda.
Com essa realidade gritante à vista, o ecbahia.com ao longo dessa semana trará a opinião de jornalistas que cobrem do Tricolor e de nossos colunistas sobre o que causa esse baixo rendimento e qual a solução para que o Bahia volte a cantar de galo em seu terreiro.
Na quarta matéria Cássio Nascimento, também colunista do site, apresenta seus argumentos sobre as causas e também sugestões para que o Bahia volte a mandar em casa.
Cássio:Primeiramente devemos analisar que em apenas quatro ocasiões disputamos a primeira divisão: 2002, 2003, 2011 e 2012; e é só esse dado que vou considerar:
2002: 40,7% de aproveitamento total; 1,75 ponto médio em casa
2003: 33,3% de aproveitamento total: 1,70 ponto médio em casa
2011: 40,4% de aproveitamento total: 1,47 ponto médio em casa
2012: 37,3% de aproveitamento total 1,18 ponto médio em casa
Note que a porcentagem de partidas vencidas em casa era maior em 2002 (50%) e 2003 (47,8%) do que em 2011 (36,8%) e 2012 (23,5% até agora). Em relação ao rendimento nestas competições, este oscilou, com picos em 2002 e 2011. Observe que em 2003, aquele humilhante ano do rebaixamento com goleada histórica, teve o melhor aproveitamento em casa na série A do que 2011 e 2012! Note também que 2002 não foi com pontos corridos.
Note que tivemos melhor aproveitamento em casa jogando a serie b em Feira em 2008 do que em Pituaçu em 2009, o que afasta a teoria de que a ausência de uma sede nos prejudicou.
Minha opinião, baseada nestes dados:
O campeonato brasileiro é uma competição cada vez mais difícil, e vencer em casa torna-se igualmente difícil. Creio que esta é uma tendência para todos os clubes. Contudo, o Bahia exagera parecendo inverter a lógica das coisas, tendendo a um melhor aproveitamento estatístico fora de casa do que dentro. Noto também, e isso é uma opinião empírica, que o rendimento pontual do time tem sido melhor fora de casa: vide partidas contra o Palmeiras e Ponte Preta. Em casa só convencemos contra o Botafogo, na minha opinião.
Como causas deste fenômeno identifico que:
a) a "arma secreta" do tricolor em brasileiros, que sempre foi a sua "casa", tem perdido aquele fator psicológico que fazia o nosso clube ganhar força em campo.
b) o nível dos elencos no Campeonato Brasileiro tem se elevado, e o abismo entre os "doze grandes" tem se ampliado perante os outros clubes. Note que nossos triunfos em casa, contra tais "doze", foram contra Botafogo e SPFC. Repito que apenas contra o alvinegro carioca houve um triunfo convincente na minha opinião.
c) a torcida do Bahia, traumatizada com tantos anos de sobe-e-desce, passou a criar um mecanismo de reação psicológica tornando-se o maior "inimigo" do time nos jogos em casa. A pressão que era antes dirigida contra os adversários agora é dirigida contra o próprio clube. Diante do futebol pouco confiável, a combinação entre elenco frágil e as vaias ao primeiro erro de passe com cinco minutos de jogo torna-se explosiva. A torcida está perdendo a paciência com seguidas campanhas de medianas para baixo.
Creio que os esquemas táticos excessivamente defensivos por parte dos últimos treinadores do Bahia são mais consequência do que causa do mau rendimento em casa. O Bahia está relativamente se apequenando e diante do aumento do abismo entre o Bahia e o "G12", nosso clube passa a jogar cada vez mais fechado, abusando de contra-ataques e com elencos usualmente fracos tecnicamente.
Outros fatores: há muitos anos não temos um ídolo de verdade, e elegem-se falsos ídolos com muita frequência e com muita precipitação, aumentando a decepção da torcida ao cair na real. Exemplo: Hélder. Quando ele joga bem, vira craque de seleção; ao primeiro passe que erra, vira vilão e as vaias não param mais.
A torcida do Bahia é extremamente distímica: aumenta a dimensão dos efêmeros triunfos e boas fases; e do mesmo modo centuplica a dimensão dos reveses. Um clube outrora acostumado à superlatividade de títulos loco-regionais e dos ocasionais triunfos em âmbito nacional agora vive uma crise de identidade, juntamente à sua torcida.
creio que o Bahia tornou-se um clube de mediano para baixo do mesmo nível de Sport, Figueirense e Atlético de Goiás; e só não afundou de vez, permanecendo hoje aos trancos e barrancos na série A, por causa de sua torcida. Embora a torcida viva a cornetar o time nos jogos em casa, é justamente esta torcida que ainda mantém o clube vivo. É como aquela mãe que vive esculhambando o filho, mas se ela aliviar, o filho relaxa e cai de desempenho. Se tivéssemos uma torcida do tamanho e da presença da torcida do rival, creio que a realidade hoje seria bem pior.
A solução? Modificar a política de investimentos e contratações é o primeiro passo para tornar a equipe competitiva e devolver a confiança ao torcedor. Nesta política a base está incluída como ator importante, mas não o único.
Estádio é importante também, mas é secundário nesse contexto.
Era mais ou menos isso.
ecbahia
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