O triunfo diante da Portuguesa serviu de alívio para a torcida tricolor e chamou a atenção para um dado curioso: foi o quinto resultado positivo fora de casa ante 4 em Pituaçu.
Jogando em Salvador pelo campeonato Brasileiro deste ano, o Bahia só conseguiu sair vencedor diante do Sport (com ajuda da arbitragem), São Paulo, Figueirense e Botafogo. Em oito ocasiões o resultado foi de empate e em cinco o tricolor saiu derrotado.
Em levantamento feito desde 2002, considerando apenas os resultados dos Brasileiros, fica evidente a queda de rendimento do clube em seus domínios. Independentemente de qual mando de campo estamos falando, Fonte Nova, Jóia da Princesa ou Pituaçu, o Bahia já não manda em casa.
No atual campeonato, o aproveitamento do clube em Salvador é pior do que em 2003, ano de seu rebaixamento à Série B. Se no time de Valdomiro, Preto e Emerson teve uma média de 1,7 ponto (56,5% de aproveitamento), em 2012 Titi, Fahel e Lomba conseguem render apenas 1,18 ponto em média, com aproveitamento de 39,22% jogando num estádio menor, onde a pressão da torcida seria um fator de ajuda.
Com essa realidade gritante à vista, o ecbahia.com ao logo dessa semana trará a opinião de jornalistas que cobrem do Tricolor e de nossos colunistas sobre o que causa esse baixo rendimento e qual a solução para que o Bahia volte a cantar de galo em seu terreiro. Nesta segunda-feira temos a opinião de Raphael Carneiro, jornalista da Rede Globo e autor do livro “Ba –Vi, uma paixão sem limites” e Éder Ferrari, jornalista do portal Bahia Notícias.
Confira:
Raphael: Acredito que, principalmente quando voltou à Série A, o desempenho do Bahia em casa é baixo por duas questões: qualidade técnica e estilo de jogo.
No primeiro ponto, é evidente a diferença entre o elenco do Bahia e dos outros times. O planejamento não é bem feito. Este ano, por exemplo, apenas um jogador contratado depois de o Brasileiro ter começado é titular.
O elenco fraco leva ao esquema de jogo da maior parte dos treinadores que passam pelo clube: contra-ataque. Sem um time forte, os técnicos optam por jogar no erro do adversário. Dão espaços para explorar a velocidade. Isso funciona bem fora de casa. Não adianta quando joga em casa, o adversário vem fechado e a torcida começa a ficar impaciente. A cobrança termina pesando contra.
Jorginho tem até tentado mudar isso. Coloca o Bahia para cima, quer o time ditando o ritmo de jogo, mas falta um finalizador. Não há quem faça gol. Souza passou muito tempo no departamento medico e o clube não conseguiu encontrar um substituto.
Éder: Não vejo outra razão que não seja a péssima qualidade dos times desde então, apesar de algumas circunstâncias. Não acredito em barreira mental. Foram basicamente times completamente diferentes de uma temporada para outra e, até mesmo, na mesma temporada. Em Feira tinha a questão da estrada, do campo horroroso e do elenco ruim e desmotivado com atrasos nos salários.
Na Fonte foi um período bem escroto estrutural do Bahia. Em 2003, 2005 e, principalmente, 2006, foram anos lamentáveis do Bahia. Sem falar que o Bahia perdeu mando de campo, jogou com portões fechados e com parte da arquibancada interditada. Em Pituaçu sinto que a torcida não se sente em casa e o nível de cornetagem anda grande. Muitas vezes joga contra o time, que têm poucos jogadores que realmente se identificaram com o clube. Enfim, acho que o problema é de qualidade mesmo.
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