"Quem tem medo do Tribunal?
O que se questiona naquela ação é a legitimidade de um conselheiro que foi impedido de votar conseguir a intervenção. O resultado disso deveria ser a garantia ao voto. Decretar a intervenção em razão do voto de um conselheiro é desproporcional, absurdo e só poderia decorrer de um juiz que está passionalizado, sem a devida isenção necessária ao ofício de julgar.
Por outro lado, um subproduto involuntário da intervenção, essa discussão pública, tem sido positiva em alguns aspectos e pode trazer novos ares ao futebol baiano. Se os torcedores querem mudanças, que as busquem por meio do processo democrático, não através da intervenção.
Interessante perceber que alguns canais de mídia têm exaltado o sentimento de democratização do futebol, do Bahia, sem considerar, que a verdadeira democracia se faz com eleição, com voto, não com golpe, com intervenção ilegal e desproporcional. Não se quer aqui rememorar bastidores ou factoides da política futebolística baiana, muito menos reavivar escandalosas manchetes recentes sobre os declarados interesses político-partidários por trás da intervenção, mas salta aos olhos que as tintas que colorem alguns nomes faltam a outros.
Falamos com presidentes de clubes, empresários, jogadores, associações de classe, todos se colocaram preocupados, sim! E devem ficar! Imagina se a moda pega! O futebol poderá simplesmente paralisar diante de interferências externas, de interesses que induzem a erro o Poder Judiciário e que causam essas tristes distorções. Basta imaginar que, caso um cidadão ou torcedor queira, espelhando-se no presente caso, questionar a gestão do presidente da CBF, José Maria Marin, que sofre acusações pela mídia, se sobrevier uma temerária intervenção na CBF em razão disso, decretada por um juiz de 1º grau, fatalmente a Fifa, sim, cuidará de intervir na CBF, proibindo a Copa no Brasil. Esse é o estatuto da entidade.
Em todas as nossas manifestações sempre declaramos nosso respeito e acatamento às decisões da Justiça baiana e temos, com seriedade e profissionalismo, tão somente realizado nosso trabalho. Arguimos, sim, a suspeição do juiz de 1º grau porque acreditamos em sua falta de imparcialidade e isenção para julgar, é nosso dever.
E o fato de alguns canais de imprensa, parte da torcida, formadores de opinião estarem contrários à causa e, curiosamente, contrários a nós, advogados, não nos intimida, ao contrário, reforça nossa convicção a respeito da injustiça que se abate sobre o Bahia. O advogado não pode se intimidar, não pode temer a impopularidade, deve se pautar no que entende ser o melhor interesse de seu cliente, em respeito à lei e à Constituição.
E se um órgão de imprensa deu destaque, maldosamente, vale dizer, a uma crítica nossa sobre morosidade, essa não é uma critica ao Judiciário baiano, mas um sofrimento diário da vida dos advogados em qualquer foro brasileiro. E, inclusive, justamente por respeitar e confiar na Justiça baiana é que pedimos, insistentemente, para que os tribunais locais se manifestem.
O grande esforço da defesa, neste caso, é fazer com que os tribunais analisem essa intervenção e atestem sua ilegalidade, que, para nós, é óbvia. Aliás, esse crivo judicial interessa a todos e deveria interessar ao próprio interventor e ao juiz/interventor da causa, pois seus atos estão sob suspeicão e sob a desconfiança de ilegalidade. Nada melhor para espancar tais dúvidas do que a própria Justiça. Ora, o que há a temer? Queremos ir pro jogo e acreditamos que vamos ganhar, seja no tempo normal, seja na prorrogação ou até nos pênaltis. Queremos jogar, só não admitiremos perder no tapetão!"."
Para ler o artigo de João Carlos Teixeira Gomes, clique aqui .
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